"Perdi-me dentro de mim Porque eu era labirinto E hoje, quando me sinto, É com saudades de mim."

terça-feira, 8 de junho de 2010

O NADA

O NADA 
Texto de Ederson Ribeiro Costa 

Então...é assim? 
Como é estranho 
Tanto medo (?) 
E a morte é o nada. 
Vou contar se é que 
Há como descrever. 
É um imenso nada. 
Vazio, como o espaço. 
Sem paredes mas delimitado 
Uma mescla de escuridão 
Com penumbra e ao longe 
Bem longe, quase infindável,
Uma porta luminosa. 
Não há neblina como  
Quando eu era vivo! 
Agora é límpido, 
Escuro e vazio. 
Agora posso ver, 
Estou no centro 
Se é que há. 
Imóvel na penumbra, 
Não choro, não odeio,...não vivo, 
Mas verdadeiramente não morro. 
Vejo tudo o que há. 
O tudo e o nada que 
São a mesma maldita coisa. 
Olho nos olhos do outro 
Profundamente... 
Quanta dor, quanto medo, 
Quanto eu mesmo 
Nesse espelho. 
Foi olhando nesses olhos que morri. 
Deu-se um estrondo, 
Algo inexplicável aconteceu. 
A neblina foi baixando, 
E mais uma vez pude ver 
Além dos olhos... 
O outro tentou me ver 
Mas não havia nem dor sequer. 
Só os iluminados  
Podem ver as verdades  
Internas do outro, 
Porque conhece as suas. 
Morri ali...sem nada. 
Nem dor, nem medo, 
Não havia nenhum sentido. 
Acabou-se todo o sentimento. 
Só restou o amor, 
Esse não morre, 
Quem morre são seus instantes. 
Não havia paramédicos, 
Não havia pedidos de socorro, 
Só o silêncio 
E o sorriso da morte, 
Nem triste nem feliz... 
Só sorriso. 
Talvez que o outro quisesse me salvar, 
Mas não tive como deixá-lo 
Mergulhar em mim por meus olhos. 
Meu olhar perdeu-se no abismo 
Do seu olhar que fazia arder. 
Não restava nada ali, 
Só meu amor 
Verdadeiro bem o sabe... 
Bem o sei. 
Ouviu-se a voz abafada 
Do calar que gritava 
Rompendo o silêncio. 
Aqui jaz a razão da 
Vontade de lutar 
Pelo amor do outro. 
Não deixou esperanças. 
Será velado pela eternidade. 
O enterro será no cemitério 
Da piedade pelo outro, 
Será as escondidas... 
Talvez, para sempre. 
Assim, será ele: 
O atestado de óbito 
Da vontade da razão 
De esperar amar e ser amado.
Isso morreu e eu fui 
Deixado vivo, 
Tenho medo que eu 
Tenha morrido  
E não saiba disso. 
Será? 
Enquanto isso se ouvia 
Seus medos, 
Suas angústias, 
Suas dúvidas... 
E agora ouço 
O que há de mais profundo em você. 
O eco do choro virginal... 
Do seu choro...  
Dentro de mim.

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